Sim, aqui estamos nós outra vez. E agora com um texto extremamente pertinente com tudo a ver com uma situação atual vivenciada por inúmeros cineastas, produtores e produtoras ao redor do mundo: como inscrever seu curta-metragem em festivais nacionais e internacionais via algumas das principais plataformas online espalhadas pela rede? Essa é uma tarefa que vem se provando cada vez mais hercúlea e difícil - e a qual vem tendo um reflexo direto na distribuição de É Quase Verdade.
"O filme está sendo recusado por todos os festivais que mandamos até agora", afirma A. Nakamura, production manager para a Sincronia Filmes. "É um mistério adivinhar quais as razões para isso, porque se existe um meio mais complicado e de difícil penetração é a cabeça da maioria desses organizadores e selecionadores de mostras, festivais e exibições em geral. Você nunca sabe o que eles querem, qual o perfil de filme e/ou diretor desejam para seus festivais - muitas das vezes nem eles mesmos sabem como organizar suas próprias festividades (vide para isso a confusão das programações, horários e agendas por exemplo)."
Existem as suspeitas, é claro. "Alguns de nós aqui dentro acham que é por causa da duração, de quase (sic) trinta minutos. Isso muitas vezes torna a exibição inviável por causa da grade de programação dos festivais", diz. "Mas como explicar o fato de estarmos enviando para diversos festivais que aceitam médias de até 30, às vezes 40 minutos (alguns, inclusive, já consideram uma fita acima dos 40 minutos como longa-metragem (!), o que em si já é uma confusão danada, porque fomos "treinados" a saber que longas são acima dos 60 minutos)", continua Nakamura. "O que nos leva à segunda suspeita: o tema do filme. Parece que muita gente não está achando graça ou interessante um filme que ironiza o cinema brasileiro e seu establishment. Será que estamos vivendo uma total era da caretice e da chatice cinematográficas?"
E, finalmente, há ainda o fator das plataformas de distribuição e das fees (taxas) cobradas por elas. "Muitos de nós ficam raivosos (Nakamura não usou essa palavra, mas o bom senso nos leva a substituir o termo empregado por ele) com a quantidade absurda de burocracia, dificuldades e de festivais que cobram inscrição. E isso é um sentimento compartilhado no mundo todo." Hoje, o monopólio está nas mãos do Withoutabox, uma espécia de Golias quando o quesito é conectar diretores e festivais de cinema - e não apenas os de curta-metragem. É uma plataforma que existe desde o ano 2000 e vem sendo responsável por tornar as inscrições aos múltiplos festivais mais fáceis, rápidas e acessíveis. "Mas é um truque, porque de fácil não tem nada", ri Nakamura. "Tudo bem que o Withoutabox se firmou como a principal delas (as plataformas), mas é também a mais chata e burocrática de todas, com uma interface nada amigável, inúmeras páginas para se preencher as informações do seu filme e uma infinidade de festivais pagos, alguns com fees astronômicas", completa.
Mas, segundo as fontes, o fato de cobrarem taxas não acontece apenas com os diretores, seus filmes e produtoras. Envolve também os próprios festivais de cinema. "Muitos festivais preferem não estar no Withoutabox, porque para eles não é vantagem, já que a plataforma cobra um preço muito alto para eles estarem lá. "Era preciso que um Davi chegasse para degladiar com esse gigante (o qual, aliás, foi comprado pelo IMDb (Internet Movie Database), uma subsidiária da amazon.com), e no fim ele chegou na forma do FilmFreeWay, uma empresa de Vancouver oferecendo uma plataforma rival com "tecnologia mais acessível", "serviço customizado de verdade" e que ainda por cima "é grátis para diretores" e "simples e justa para festivais"", diz Nakamura. "Começamos a inscrever o É Quase Verdade em vários deles. Ainda há um montante muito grande de festivais que cobram, e, até entendermos como a coisa funcionava, tivemos que mandar um email perguntando onde afinal estavam os festivais gratuitos. Mas no fim, nos entendemos", completa o produtor.
"Você não me quer no seu festival?" |
Além do serviço gratuito (basta checar a página deles de FAQ a fim de ficar por dentro de todo o funcionamento), ainda há a facilidade do preenchimento das informações e da subida do filme em arquivo digital para o site deles - e que também pode ser visualizado através de um link no YouTube, Vimeo, Dropbox etc. "Até o Emanuel (Mendes, diretor de É Quase Verdade) se impressionou, porque ele mesmo já estava se desanimando com a burocracia e dificuldades das outras plataformas", diz Nakamura. O mais curioso é que o FilmFreeWay, embora aparente ser um serviço feito por profissionais de cinema (cineastas, produtores etc), é na verdade um produto criado por programadores desejando oferecer soluções a indústrias e/ou serviços com problemas aparentes de funcionamento e/ou gestão. "O que sem dúvida é o caso com a maioria dessas plataformas de festivais", ironiza Nakamura.
"Parte do excitamento em relação ao FilmFreeWay é não apenas o fato de ser uma empresa canadense (Nakamura morou um tempo no país), com toda a seriedade que se espera de lá, mas também a ideia de uma companhia pequena peitar um gigante dominante de mercado e ainda por cima oferecer um serviço melhor", salienta o produtor. "Outra parte é porque uma pessoa de verdade atendeu nosso telefonema (no caso, Andrew Michael, um dos fundadores) e ficou feliz em responder nossas dúvidas, uma raridade nos serviços oferecidos hoje em dia." Segundo as fontes do FilmFreeWay, uma enorme massa de festivais está migrando seus serviços para lá, e em questão de algumas horas, mais de cem festivais haviam feito suas inscrições no site.
"Talvez o É Quase Verdade continue a não ser aceito, talvez a carreira dele seja destinada à galeria de filmes malditos e/ou underground formada por uma plateia cult, mas apenas pelo fato de o estarmos distribuindo em uma plataforma feita por cabeças mais abertas, já vai de encontro com as propostas e ideias levantadas pelo filme", finaliza Nakamura.
Yep, here we are once again. And now with a very pertinent text that´s got everything to do with one real situation faced by a lot of filmmakers and film producers around the globe: how to subscribe your short film to festivals both nationally and internationally via some of the main online platforms spreaded throughout the net? It´s a task that´s been proving real hard - and which has had a direct reflection on the distribution of It´s Almost True.
"The film has been refused by every one of the festivals that we´re sending it so far", says A. Nakamura, production manager for Sincronia Filmes. "It´s a total mistery to guess the reasons for that, because if there´s a complicated and hard-to-identify medium is the head of most of the film festivals´s organizers and selectors alike. You´ll never know what the dickens they want, what is the profile of films and/or directors they wish to take to their festivals - and most of the times they themselves do not even know how to organize their own festivities (check film order and programming schedules, for instance)."
There are some suspicions, of course. "Some of us here want to believe it´s because of running time, of almost (sic) 30 minutes in length. This complicates a lot the screening of a film because of festivals´s programming and time schedule", says he. "But how do you explain the fact that we´ve been sending the film to a hell of festivals that supposedly accept short and medium length films that go up until 30, sometimes 40 minutes (some of them, BTW, are considering a 40 minute plus film as a feature motion picture (!), which in itself goes against that idea that people sold to us that a feature film is above 60 minutes)", continues Nakamura. "Which leads us to our second guessing: the theme of the movie. It seems that there´s a lot of people not laughing or finding it interesting to watch a movie that is ironic about Brazilian Cinema and its establishment. I wonder if we´re living in a totally old fogey cinematographic era!"
And finally there´s still the distribution platforms and their fees. "Many of us get really upset (Nakamura did not use this word, but common sense told us to replace the more heavy term used by him) with the absurd enormity of bureaucracy and difficulties that film festivals impose at the time of subscribing. And this is something shared by everyone around the world." Today, monopoly is in the hands of Withoutabox, a kind of Goliath when it comes to connecting directors with film festivals - and not only short film festivals. It´s a platform that´s been around since 2000 and has been responsible for making subscription to festivals easier, faster and more accessible. "But it´s a gimmick, because it´s no easy at all", laughs Nakamura. "Ok, Withoutabox has established itself as the main one (of the platforms), but it is also the most boring and bureaucratic one of them all, with a hard interface, several pages to complete your subscription and a hell of a number of paid festivals, most of them with astronomical fees".
But according to sources the fact that there are charge fees does not occur only with film directors, their films and production companies. It also involves film festivals. "Many festivals prefer not to be on Withoutabox simply because for them it´s not an advantage at all since the platform charges a high fee for them to be there. "It was necessary a David to fight against this giant tech (and which, BTW, has been bought by IMDb (the Internet Movie Database), a subsidiary of amazon.com), and in the end he came in the shape of FilmFreeWay, a Vancouver-based company offering a rival platform with "accessible technology", "real customer service" and "free for directors" and "simple and fair for festivals", says Nakamura. "We have just started to subscribe It´s Almost True on many of them. There´s still a lot of paid festivals out there, and, until we could figure the whole thing out, we had to email them asking where the heck the free festivals were. But in the end, everything cleared", says the producer.
"You don´t want me in your festival?" |
Besides the free service (you only have to check their FAQ page in order to get it all) there´s also the easy fill out forms and fast upload page for your film on digital format - and which can also be seen via a YouTube, Vimeo, Dropbox etc link. "Even Emanuel (Mendes, the director of It´s Almost True) got impressed because even him was becoming dispirited before the bureaucracy and difficulties of the other platforms", says Nakamura. The curious thing is that even though FilmFreeWay seems to be a service created and administered by a group of film lovers and/or film professionals (cineastes, producers etc), it is in reality a product done by programmers wishing to offer industries better solutions to their problems and management issues. "Which without a doubt is the case with most of those film platforms", jokes Nakamura.
"Part of my excitement relating to FilmFreeWay is not only the fact that it is a Canadian company (Nakamura lived in the country for a while), with all the seriousness from this place, but also this idea of a very small company fighting against a dominant giant in the market and still be capable of offering quality and better service", says the producer."Another part is due to the fact that a real person answered our phone call (in this particular case Andrew Michael, one of the founders) and was actually glad to take out a lot of our doubts, a rarity of customer service nowadays." According to sources FilmFreeWay has been receiving an enormous amount of film festivals, all of them eager to migrate to its platform, and within hours more than a hundred festivals had already flocked onto the site.
"Maybe It´s Almost True continues not to be accepted after all, maybe its film career is destined to the gallery of underground and/or cursed films seen by a group of cult movie audience, but simply because of the fact we´ve been distributing it on a platform done by open minded people goes directly to the main core and ideas raised by of our film", completes Nakamura.
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