Copa do Mundo e protestos, crise no governo, inflação chegando de fininho, eleições, uma descrença geral por boa parte da população: este parece ser o cenário que inicia 2014 e que promete esquentar o ano inteiro até pelo menos novembro. E é também neste mesmo cenário que É Quase Verdade, o terceiro curta-metragem do diretor Emanuel Mendes, e a primeira produção-solo da Sincronia Filmes, vai estrear.
"Nunca pensamos que o filme pudesse ser tão atual como agora. Nós o rodamos em 2011 e, como toda produção independente sem incentivo, feita no muque e na raça, demorou dois anos e meio para ficar pronta. Mas ironicamente parece ter chegado na hora certa", diz Anthayr Nakamura, production manager para a Sincronia, e um dos coordenadores da campanha de lançamento do filme. "E, mesmo que seja um curta, com um alcance limitado se comparado ao longa, estamos curiosos para ver qual será a reação das pessoas a ele e o que ele pode suscitar em festivais, mostras e exibições especiais". Muitas delas, aliás, já em preparação - como a que pretende levar o filme para escolas e universidades, por exemplo.
"Queremos levar o filme para o público que saberá discuti-lo da forma que ele merece", continua Nakamura. "Foi esse mesmo público que, em maior ou menor grau, saiu às ruas para protestar. E nas exibições vamos levar o Emanuel também para ampliar o debate, porque em geral as pessoas gostam de ouvir o que o diretor pretendia com sua obra", diz. "O filme está leve, divertido, irônico, sarcástico, mas também possui uma pegada muito tapa na cara, pode provocar risos nervosos e algumas pessoas que já o assistiram o consideram até um pouco pesado, agressivo."
Nakamura destaca que o filme possui duas vertentes - a sátira e a realidade. "É que, ao mesmo tempo em que é um documentário falso, interpretado por atores, há também importantes depoimentos de pessoas reais, como o cineasta Guilherme de Almeida Prado, o qual interpreta um diretor de cinema de terceiro mundo, dependente do Estado, de dinheiro público e congêneres para sobreviver", continua Nakamura. "E tudo o que ele diz tem ressonância direta com o que está acontecendo no Brasil neste momento."
E, por fim, existe também todo o aspecto da metalinguagem - ou seja, quando o cinema fala de si próprio. "Isso ainda é raro de se ver no cinema brasileiro, e um dos poucos a tocar no assunto de forma mais profunda sempre foi, ironicamente, Guilherme de Almeida Prado. É Quase Verdade é um filme sobre muitas coisas, e uma delas, talvez até a principal, é que é um filme sobre o próprio cinema brasileiro, sobre o modus operandi dele", finaliza Nakamura.
A previsão de estreia em São Paulo é maio, e o filme deve começar a percorrer festivais e mostras a partir dessa data. Fiquem ligados.
World Cup and many protests, crisis inside the government, inflation sneeking out, national elections, a total disbelief from many of the nation´s people: this is the scenery that ignites 2014 and which promises to heat up the debate until at least the end of November. And it is also in this scenery that It´s Almost True, the third short film by director Emanuel Mendes, and the first solo production from Sincronia Filmes, will open.
"We never thought the film could be as that relevant as it is today. We shot it in 2011, and like many independent production, done on the guerrila filmmaking style, it took two and a half years to get ready. Ironically, it seems to have come in the right time", says Anthay Nakamura, production manager for Sincronia, and one of the coordinators of the film´s release. "And even if it´s a short film, whose reach is still limited if you compare it to a feature, we´re curious to know what kind of reaction people can get from it and what it can stir up at festivals and screenings alike". Many of them, BTW, are already in preparation - like the one that promises to take the film to schools and universities, for instance.
"We want to take the film to the right public, the one that will know how to appreciate it and debate it the way it deserves", continues Nakamura. "It was this very same public that, in a more or less degree, went and has been going to the streets to protest. And during the screenings we want to take Emanuel, because usually people like to hear what the director has to say about his/her work", he says. "The film is light, ironic, sarcastic, but it also has this "hit on the face" kind of attitude that can provoke nervous laughs, and some of the people who have seen it consider it to be a little aggressive, a little heavy".
Nakamura highlights that the film has two sides - the satirical one and the real one. "At the same time it is a mockumentary, faked with actors, there are also important testimonies from "real" people, like the one by (Brazilian film director) Guilherme de Almeida Prado, who portrays a third world filmmaker dependent on money from the government in order to survive", continues Nakamura. "And everything has some sort of resonance to what is happening in Brazil right now."
And finally, there is this whole aspect of meta-language, which happens when cinema talks about itself. "This is very rare in Brazilian Cinema and ironically one of the few to really touch this is Guilherme de Almeida Prado himself. It´s Almost True is about many things, and one of them, maybe even the main one, is that it is a film about Brazilian Cinema, about its modus operandi", concludes Nakamura.
The film is set to open in São Paulo in May, and it must start running festivals around this date. Stay tuned.