Como se sabe, o cinema brasileiro vai e volta periodicamente em seu sistema de produção. Já assistimos a um sem-número de vezes o audiovisual tupiniquim morrer inadvertidamente na praia e voltar a viver graças a qualquer tipo de incentivo fiscal ou boa-vontade dos produtores locais. E aproveitando que as notícias com nosso filme andam um pouco silenciosas - só retomando mesmo após o ensaio com os atores a se dar na próxima semana -, aproveitamos para transcrever abaixo um trecho do muito divertido texto escrito pelo brilhante e iconoclasta Xico Sá, publicado na revista Bravo de dezembro de 2003. Tudo bem, esta edição pode estar um tanto longíncua na memória, mas o texto de Sá nunca foi tão atual como agora. Check it out:
"Os cobradores - Se os miseráveis resolvessem cobrar royalties pela exploração da categoria no cinema nacional, ficariam mais ricos do que os nobres alcaides da Bacia de Campos. O pior é que querem mesmo é participar, representar, pixotescamente, seus próprios papéis. Como os pobres caem fácil no conto da verossimilhança!
Arte da inclusão - O risco-Pixote é alto, o que leva muitos diretores, corretíssimos, a isolar os atores mirins das suas realidades. Eles adotam, passam a criar os meninos - cuervos? - que fizeram seus próprios papéis nos seus filmes. A bolsa-culpa dá direito a escola, inglês, balé, dentista, jazz, três refeições completas e a volta para casa de banho tomado, como recomenda o bom catecismo do socialismo moreno. Considerando os orçamentos das películas, sempre com o cacau público no passivo, é certamente a forma de inclusão social mais cara do mundo.
Pela volta da pornochanchada - Bom mesmo era o tempo em que, em vez de choramingas sociais e vontade de dar algo aos pobres, a gente saía do glorioso cinema nacional com vontade de comer."
As we all know by now the Brazilian Cinema goes back and forth in time in its production system. We have already seen a hundred times the typical local audio visual production inadvertently die out and reborn again thanks to any federal fiscal program or simply the good will of local producers. And since the news with our little film are kind of silent in the last few days, we take the time to show you below the much fun and highly intelligent text by iconoclastic Brazilian journalist Xico Sá, first published on Bravo magazine in December 2003. Okay, the remembrance of that issue is a little further away in time and memory by now, but his brilliant text is as sarcastic and contemporary as of today. Check it out:
The pay offs - If the poor people decided to charge royalty fees for the exploration of their category in Brazilian Cinema, they would probably be richer than any noble men in history. But the worst thing is that they really want to be in, to portray, in a kind of Don Quixote way, their own roles. It´s amazing how naive they are!
The Art of Inclusion - The risk is undoubtedly high, which takes many directors, in a correct manner, to isolate several of their young protégés. They adopt them, take care of their infant lives - cria cuervos? -, the ones who played themselves in those directors´s films. The guilt gives the boys and girls the right to study, have English classes, ballet classes, access to jazz, three meals per day and coming back home neat and tidy, as any social recommendation would probably guess. If you consider the budget of all those films, this is probably the most expensive social inclusion in the world.
Come back Ponochanchada - You know what? Good were the times of Brazilian pornochanchada, when, instead of the usual social cinema tear droppings, we would leave the theatres wanting to screw around.
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